sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mulheres no Comando do Cinema: Entrevista direto de L.A com Gabriela Egito

O MNCS entrevista especial com Gabriela Egito, uma Mulher no Comando do Cinema.

Conheci a Gabriela através da Bernadette Lyra, nossa primeira entrevistada no Especial.

Formada em Psicologia e Jornalismo, com especialização em escrita criativa e mestrado em cinema, conheça junto comigo um pouco mais desta profissional que esta mergulhada no cinema em L.A - escreve um blog sobre suas experiências e disse que já viu famosos nas ruas de Los Angeles



MNCS: Ola Gabi, conta um pouco sobre o seu endereço atual...

GE: Estou em Los Angeles há seis meses, estudando cinema na New York Film Academy (uma escola que tem filiais em diversas cidades no mundo), respirando a sétima arte 24h por dia, 7 dias por semana.

MNCS: Como, quando e por que L.A?

GE: É um sonho que eu vinha acalentando há bastante tempo e, no início deste ano, as coisas surpreendentemente se concretizaram.

Sabe aquele raro momento em que tudo se encaixa com perfeição e flui na sua vida? Cheguei aqui no final de abril pra fazer um curso de dois meses. Apesar de ter mestrado em Cinema pela USP, sentia falta de uma experiência mais prática em filmagens.

No Brasil, são produzidos excelentes filmes, mas com uma freqüência aquém do desejável. Até por isso, acredito, sentia uma certa dificuldade em penetrar o círculo reduzido de talentos na área.

Minha intenção inicial era botar a mão na massa e construir um portfólio consistente para trabalhar no Brasil. Quando terminei o curso, surgiu a oportunidade de ficar por um ano, que eu prontamente abracei. Os Estados Unidos sempre me pareceram uma escolha óbvia: aprender com quem tem mais sucesso mundial no setor.

Gosto de filmes europeus, mas os americanos, principalmente os independentes que conseguem distribuição pelos grandes estúdios, são os meus preferidos. Acho que essa é uma questão crucial. Se eu não gostasse de histórias que seguem um determinado conjunto de regras dramatúrgicas, e se não encarasse o cinema como uma atividade que une arte, entretenimento e negócio, não viria pra cá, certo?

MNCS: Nos fale sobre sua trajetória e relação com o cinema, sua formação.

GE: Eu diria que sou uma curiosa profissional.

Gosto de estudar e aprender coisas novas o tempo todo. O mundo e as relações sociais me intrigam. Essa é uma das razões que me levam pro cinema, a arte da emoção contada através de imagens em movimento. Me encanta o fluxo de energia e sentimentos que experienciamos durante um filme.

A história é o pretexto perfeito pra nos conduzir nessa jornada catártica. Isso também acontece em outras artes, como a literatura, mas com processos distintos que requerem um perfil profissional que não reconheço em mim ¬– ainda! rsrsrs

Sou formada em Psicologia e Jornalismo, fiz uma especialização em escrita criativa e mestrado em cinema. O jornalismo sempre foi o meu pé no chão, o meu ganha-pão. Trabalhei principalmente com impresso, cobrindo -- acredite -- economia e negócios. Também fiz muita coisa em assessoria de imprensa. Na área artística, algumas incursões como atriz, produtora de teatro, e roteirista.

MNCS: Sei que tem um blog, achei incrível, conte como surgiu a idéia.

GE: Obrigada pelo “incrível”. rsrsrs Quando decidi vir pra cá, queria compartilhar minha experiência com outras pessoas.

No blog Brazilian Girl in L.A. (http://www.brgirlinla.com/), conto um pouco sobre o que estou aprendendo e como é viver aqui. Curiosamente, muitos internautas me escrevem pra tirar dúvidas sobre os cursos da Nyfa.

Querem uma opinião isenta e pedem conselhos pra tomar decisões sérias em suas vidas. É uma responsabilidade e tanto, à qual tento corresponder da melhor forma possível.

Vou acrescentando novas seções aos poucos, é um produto em constante transformação. Queria me dedicar mais a essa tarefa, mas a minha rotina aqui é exaustiva. Normalmente, temos 8 horas-aula por dia, de segunda a sexta. Às vezes, chego a ficar na escola 14, 16 horas em atividades extras, como edição.

Os finais de semana são reservados às filmagens. É praticamente um treinamento de exército. rsrsrs Pra você ter uma idéia, nestes 6 meses, trabalhei em 50 curtas, sendo 13 deles escritos, produzidos e dirigidos por mim.
Cena docurta “Synergy” (Red Camera, 6:56), uma dark comedy sobre a sinergia no ambiente corporativo. A gerente regional de vendas Amelia Lockheart aguarda a tão sonhada promoção, depois de trabalhar com afinco na fusão da companhia. Ela disputa o cargo com seu colega, Constantine Matters. A competição se acirra quando eles ficam presos na sala de reuniões com um desconhecido, trazendo à tona antigos problemas e ressentimentos.

MNCS: Pretende voltar ao Brasil?

GE: A recepção ao meu curta de conclusão do curso de dois meses, “Synergy”, tem sido bastante positiva – o que me impulsionou a permanecer por mais um ano.

Acho sensacional essa coisa que os americanos têm de reconhecer o que eles consideram bom – mesmo que você seja uma perfeita desconhecida vinda de um país de terceiro mundo. Rsrsrs O curso de um ano me possibilita um visto de trabalho por 12 meses na indústria.

Nesse período, tenho que encontrar uma empresa que me adote, se quiser permanecer indefinidamente. Porque não tentar? A incursão nessa cultura tem sido extremamente proveitosa e até agora aprendi sobre cinema seguramente muito mais do que em uma década no Brasil. Só tenho a ganhar.

MNCS: Estudando e acompanhado a indústria do Cinema nos E.U.A nos conte como percebe isto comparando com a nossa produção Nacional

GE: Fazer cinema em qualquer parte do mundo é uma briga de foice.

Apesar de dominar o cenário mundial, a indústria americana já viu dias melhores. Economicamente, é uma atividade de risco e, lógico, ninguém quer entrar pra perder dinheiro. Por isso, há uma tendência a investir em filmes com possibilidades estatisticamente comprovadas de dar certo, como franquias, remakes e adaptações de livros ou HQs com histórico de sucesso. Mas há uma pequena fresta pela qual é possível entrar.

Pra isso é preciso uma vontade férrea, visceral, além de talento, criatividade (entendida como inovação dentro de um conjunto estabelecido de regras), um profissionalismo impecável e muito marketing pessoal.

Nosso mercado caminha a passos largos pra um modelo profissional de cinema. O prognóstico é excelente. Só não podemos perder aquilo que nos funda como brasileiros, o nosso ponto de vista a respeito da realidade que nos cerca.

O modo de fazer e a estrutura podem e devem ser globalizados. Mas os ingredientes e o tempero têm que ser brasileiríssimos.

O sucesso de “Tropa de Elite” está aí: roteiro, produção e realização com a qualidade técnica do cinema americano, mas com elementos culturais que ecoam fundo no imaginário nacional.

Por outro lado, comparar ambos mercados em termos de orçamento e abrangência seria como comparar David e Golias. O cinema norte-americano detém 90% da bilheteria em nosso país. É um percentual altíssimo, ainda mais se comparado à proporção mundial, que é pouco mais de 40%.

Acreditar que basta fazermos filmes de qualidade pra mudar esse cenário é ser no mínimo ingênuo. O setor precisa se fortalecer politicamente e pleitear uma regulamentação por parte do governo que nos proteja e nos favoreça – principalmente na distribuição e na disputa por uma sala de exibição, os dois maiores gargalos da nossa produção atual.

É como fazer pão e não ter onde vender porque o seu concorrente domina todos os pontos de venda. Só assim para enfrentar o poderio da indústria cinematográfica americana em território nacional.

MNCS: Agora não poderia deixar de perguntar sobre o seu dia a dia em L.A...Já viu alguém famoso...rsrsrs

GE: Ah, sim. Acho que seria o mesmo se eu morasse no Rio de Janeiro.

Até em São Paulo de vez em quando a gente esbarra em uma cara conhecida. Já encontrei atores em livraria e supermercado por aqui. O mais recente foi o ator John James, o “Mr. Big” do “Sex and the City”, que eu vi em uma farmácia aqui perto de casa.

Confesso que achei ele melhor nas telas do que pessoalmente. Mas ele é charmoso mesmo, não há como negar.

Essa  foi a entrevista com a Gabriela Egito, para companhar o seu trabalho e suas experiências, não deixe de visitar o blog Brazilian Girl in L.A. (www.brgirlinla.com), o MNCS já está seguindo!

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